quarta-feira, 11 de maio de 2016

PIELONEFRITES

A Pielonefrite também denominada de infecção do trato urinário superior ou nefrite intersticial bacteriana  é o termo  recomendado pela Sociedade Internacional de Urorradiologia para denominar o processo inflamatório/infeccioso dos rins.  É uma entidade que se insere dentro do espectro de Doenças infecciosas do Trato Urinário (ITU) e que acomete especificamente a pelve renal, o parênquima (néfrons) e cálices.
A pielonefrite pode ser secundária à infecções do trato urinário inferior (uretra, bexiga ou ureteres).
Em geral, as infecções urinárias são mais frequentes no sexo feminino,  entre a faixa etária dos 15- 40 anos , devido à uretra mais curta e a maior proximidade do ânus com o vestíbulo vaginal e a uretra , o que facilita o contato com microrganismos. No homem, o maior comprimento da uretra, fluxo urinário mais volumoso e o fator antibacteriano prostático são elementos  protetores.

Agentes Infecciosos
As infecções do trato urinário inferior (cistite) bem como as do superior (pielonefrite) possuem agentes etiológicos semelhantes quando agudas, não complicadas e de origem comunitária: Escherichia coli (70% - 95%) por ser o componente mais abundante da flora intestinal, Staphylococcus saprophyticus (5% - 20%) e, ocasionalmente, Proteus mirabilis, Klebsiella sp e Enterococcus sp.

Tipos de Pielonefrite
Existem dois tipos : a pielonefrite aguda não complicada e a pielonefrite complicada.
- Pielonefrite aguda não complicada:  acometem o parênquima renal e o sistema coletor , não apresentam complicações como abcessos renais e perirrenais. Os agentes infecciosos mais comuns são bactérias Gram negativas, incluindo E. coli (82% em mulheres e 73% em homens), Klebsiella sp (2,7% em mulheres e 6,2% em homens), Proteus mirabilis, Enterobacter sp e Pseudomonas sp. A contaminação por via hematogênica é mais rara, geralmente associada a foco infeccioso extrarrenal como ocorre na tuberculose miliar, endocardite, diverticulite ou abscesso oral.
- Pielonefrite Complicada : é uma infecção renal sintomática grave, que gera resposta imunológica frequentemente associada à alterações funcionais e/ou estruturais do trato geniturinário com a presença de abcessos renais e perirrenais; apresentam maior risco de evoluírem para complicações graves como a sepse (infecção generalizada). Nas infecções complicadas do trato urinário a incidência de Pseudomonas sp é maior, bem como a de gram-positivos resistentes como Enterococcus sp. Algumas doenças crônicas como diabetes, insuficiência renal,  imunodeficiência ou doenças urológicas como a hiperplasia prostática benigna e a litíase,  aumentam a predisposição para pielonefrite complicada.
Entre as pielonefrites complicadas há dois tipos que se destacam:
·     - Pielonefrite xantogranulomatosa
Trata-se de um processo supurativo grave, pouco frequente, caracterizado pela destruição e substituição do parênquima renal por tecido granulomatoso histiocitário contendo células espumosas.
·     - Pielonefrite enfisematosa
Infecção grave caracterizada pela  presença de gás no sistema coletor; geralmente poupa o parênquima renal. Os pacientes afetados frequentemente são diabéticos mal medicados. A obstrução é outro fator predisponente comum.

Sintomas Clínicos
Febre, dor lombar, calafrios, urgência miccional e disúria estão presentes em 50% dos pacientes; a taquicardia também pode aparecer  como um sintoma de pielonefrite aguda; ao exame físico, pacientes podem apresentar dor à punho-percussão da região lombar.  Náuseas, vômitos, diarreias, sintomas de toxemia e queda no estado geral  são mais  frequentes nas formas  graves de pielonefrite.

Diagnóstico
·       Tomografia Computadorizada (TC)
A TC com meio de contraste intravenoso é o exame recomendado, em virtude da sua elevada sensibilidade e especificidade; é útil para mostrar complicações parenquimatosas. As alterações que podem ser observadas são:
a) nefromegalia;
b) nefrograma heterogêneo;
c) heterogeneidade da gordura perirrenal – ocorre densificação da gordura perirrenal e espessamento das fáscias pararrenais , laterais e frontais;
d) retardo na eliminação do meio de contraste;
e) dilatação do sistema coletor;
f) nefrolitíase e ureterolitíase;

g) abscesso renal e perirrenal –  área de liquefação com paredes bem definidas ou pseudocápsula, podendo estar associada a conteúdo com atenuação gasosa ou de aspecto espesso e com densidade superior. A TC constitui o método preferencial para diagnosticar abscesso renal, caracterizando a extensão da infecção e auxiliando na identificação de sua origem.
·       Ultrassonografia
A ultrassonografia (USG) pode detectar má formação, alterações estruturais, cálculo ou abscesso renais , embora para este último a TC seja mais indicada uma vez que a USG pode não distinguir uma massa inflamatória de um abcesso renal verdadeiro.

Texto da aluna de graduação da UERJ Samilly Quirino

Referências
- Campos FA et al. Freqüência dos sinais de pielonefrite aguda em pacientes submetidos a tomografia computadorizada. Radiol Bras [online]. 2007, vol.40, n.5  São Paulo Sept./Oct. 2007. Disponível :http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-39842007000500006
- Heilberg IP , SCHOR N. Abordagem diagnóstica e terapêutica na infecção do trato urinário: ITU. Rev. Assoc. Med. Bras. [online]. 2003, vol.49, n.1 São Paulo Jan./Mar. 2003. Disponivel : http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302003000100043
-  Sociedade Brasileira de Infectologia e Sociedade Brasileira de Urologia. Infecção do Trato Urinário Alto de Origem Comunitária e Hospitalar.  Projeto Diretrizes. 13 de julho de 2004.Disponível em: http://projetodiretrizes.org.br/projeto_diretrizes/064.pdf
- Craig WD, Wagner BJ, Travis MD. Pyelonephritis: radiologic-pathologic review.Radiographics 2008; Vol 28: 255. Disponível: http://pubs.rsna.org/doi/10.1148/rg.281075171?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%3dpubmed









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