A Pielonefrite também denominada de infecção do trato
urinário superior ou nefrite intersticial bacteriana é o termo recomendado pela Sociedade Internacional de
Urorradiologia para denominar o processo inflamatório/infeccioso dos rins. É uma entidade que se insere dentro do
espectro de Doenças infecciosas do Trato Urinário (ITU) e que acomete
especificamente a pelve renal, o parênquima (néfrons) e cálices.
A pielonefrite pode ser secundária à infecções do trato urinário
inferior (uretra, bexiga ou ureteres).
Em geral, as infecções urinárias são mais frequentes no sexo
feminino, entre a faixa etária dos 15-
40 anos , devido à uretra mais curta e a maior proximidade do ânus com o
vestíbulo vaginal e a uretra , o que facilita o contato com microrganismos. No
homem, o maior comprimento da uretra, fluxo urinário mais volumoso e o fator
antibacteriano prostático são elementos protetores.
Agentes Infecciosos
As infecções do trato urinário
inferior (cistite) bem como as do superior (pielonefrite) possuem agentes
etiológicos semelhantes quando agudas, não complicadas e de origem comunitária:
Escherichia coli (70% - 95%) por ser
o componente mais abundante da flora intestinal, Staphylococcus saprophyticus (5% - 20%) e, ocasionalmente, Proteus mirabilis, Klebsiella sp e Enterococcus
sp.
Tipos de Pielonefrite
Existem dois tipos : a pielonefrite aguda não complicada e a
pielonefrite complicada.
- Pielonefrite aguda não
complicada: acometem o parênquima renal
e o sistema coletor , não apresentam complicações como abcessos renais e
perirrenais. Os agentes infecciosos mais comuns são bactérias Gram negativas,
incluindo E. coli (82% em mulheres e
73% em homens), Klebsiella sp (2,7%
em mulheres e 6,2% em homens), Proteus
mirabilis, Enterobacter sp e Pseudomonas sp. A contaminação por via
hematogênica é mais rara, geralmente associada a foco infeccioso extrarrenal
como ocorre na tuberculose miliar, endocardite, diverticulite ou abscesso oral.
- Pielonefrite Complicada : é uma
infecção renal sintomática grave, que gera resposta imunológica frequentemente
associada à alterações funcionais e/ou estruturais do trato geniturinário com a
presença de abcessos renais e perirrenais; apresentam maior risco de evoluírem
para complicações graves como a sepse (infecção generalizada). Nas infecções
complicadas do trato urinário a incidência de Pseudomonas sp é maior, bem como a de gram-positivos resistentes
como Enterococcus sp. Algumas doenças
crônicas como diabetes, insuficiência renal,
imunodeficiência ou doenças urológicas como a hiperplasia prostática
benigna e a litíase, aumentam a
predisposição para pielonefrite complicada.
Entre as pielonefrites complicadas
há dois tipos que se destacam:
· - Pielonefrite xantogranulomatosa
Trata-se de um processo supurativo
grave, pouco frequente, caracterizado pela destruição e substituição do
parênquima renal por tecido granulomatoso histiocitário contendo células
espumosas.
· - Pielonefrite enfisematosa
Infecção grave caracterizada
pela presença de gás no sistema coletor;
geralmente poupa o parênquima renal. Os pacientes afetados frequentemente são
diabéticos mal medicados. A obstrução é outro fator predisponente comum.
Sintomas Clínicos
Febre, dor lombar, calafrios,
urgência miccional e disúria estão presentes em 50% dos pacientes; a
taquicardia também pode aparecer como um
sintoma de pielonefrite aguda; ao exame físico, pacientes podem apresentar dor
à punho-percussão da região lombar. Náuseas,
vômitos, diarreias, sintomas de toxemia e queda no estado geral são mais frequentes nas formas graves de pielonefrite.
Diagnóstico
·
Tomografia Computadorizada (TC)
A TC com meio de contraste intravenoso é o exame
recomendado, em virtude da sua elevada sensibilidade e especificidade; é útil
para mostrar complicações parenquimatosas. As alterações que podem ser observadas
são:
a) nefromegalia;
b) nefrograma heterogêneo;
c) heterogeneidade da gordura perirrenal – ocorre
densificação da gordura perirrenal e espessamento das fáscias pararrenais , laterais
e frontais;
d) retardo na eliminação do meio de contraste;
e) dilatação do sistema coletor;
f) nefrolitíase e ureterolitíase;
g) abscesso renal e perirrenal – área de liquefação com paredes bem definidas
ou pseudocápsula, podendo estar associada a conteúdo com atenuação gasosa ou de
aspecto espesso e com densidade superior. A TC constitui o método preferencial
para diagnosticar abscesso renal, caracterizando a extensão da infecção e
auxiliando na identificação de sua origem.
· Ultrassonografia
A ultrassonografia (USG) pode detectar má
formação, alterações estruturais, cálculo ou abscesso renais , embora para este
último a TC seja mais indicada uma vez que a USG pode não distinguir uma massa
inflamatória de um abcesso renal verdadeiro.
Texto da aluna de graduação da UERJ Samilly Quirino
Texto da aluna de graduação da UERJ Samilly Quirino
Referências
- Campos FA et al. Freqüência dos sinais de pielonefrite aguda
em pacientes submetidos a tomografia computadorizada. Radiol Bras [online].
2007, vol.40, n.5 São Paulo Sept./Oct.
2007. Disponível :http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-39842007000500006
- Heilberg IP , SCHOR N. Abordagem diagnóstica e terapêutica
na infecção do trato urinário: ITU. Rev. Assoc. Med. Bras. [online]. 2003,
vol.49, n.1 São Paulo Jan./Mar. 2003. Disponivel : http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302003000100043
- Sociedade Brasileira
de Infectologia e Sociedade Brasileira de Urologia. Infecção do Trato Urinário
Alto de Origem Comunitária e Hospitalar.
Projeto Diretrizes. 13 de julho de 2004.Disponível em: http://projetodiretrizes.org.br/projeto_diretrizes/064.pdf
- Craig WD,
Wagner BJ, Travis MD. Pyelonephritis: radiologic-pathologic
review.Radiographics 2008; Vol 28: 255. Disponível: http://pubs.rsna.org/doi/10.1148/rg.281075171?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%3dpubmed
Nenhum comentário:
Postar um comentário