segunda-feira, 18 de abril de 2016

Complicações abdominais da dengue

A infecção pelo vírus da Dengue apresenta-se, em geral,  de forma subclínica e quando sintomática, manifesta-se sob um espectro variado de apresentações. A forma clássica da doença caracteriza-se por febre, geralmente alta (39 a 40c), de inicio súbito após período de incubação de 4 a 7 dias, que acompanha cefaleia, dor musculoesquelética, dor retro-orbitária e prostração. O exantema maculo papular clássico, presente em 50% dos casos, manifesta- se em até 3 ou 4 dias após a lise febril, acompanhado ou não de prurido. Anorexia, náuseas, vômitos e diarreia não volumosa podem estar presentes. Os sintomas costumam ser mais graves nos extremos etários. As características centrais dos casos graves de dengue, e que motivam maior atenção para sinais de alarme no curso da infecção, são fenômenos hemorrágicos e o choque hipovolêmico.

Dor abdominal é uma queixa comum e associa-se à presença de ascite (VPP90%) e ao choque (VPP82%). Hepatomegalia palpável é encontrada em até  75% dos pacientes, com variável esplenomegalia. Derrame pleural em radiografia de tórax pode ser encontrado em mais de 80% dos casos e, quando em associação a achados laboratoriais que revelam aumento do hematócrito e hipoalbuminemia, podem prover medidas objetivas da perda plasmática. Porém, o exame ultrassonográfico apresenta sensibilidade superior a 95% na detecção de líquido livre em cavidade pleural, ascite e edema parietal vesicular (que não representa, necessariamente, colecistite). Acúmulo de líquido perirrenal e pararrenal podem ser evidenciados em 77% dos pacientes graves submetidos ao exame, assim como derrame pericárdico e acúmulo de líquido subcapsular hepático e esplênico. Em até 40% dos pacientes, há evidencias ultrassonográficas de aumento pancreático, podendo estar associado a aumento dos níveis séricos de amilase e lipase. A presença de derrame pleural e peritoneal está associada a casos graves de Dengue.

Referências Bibliográficas:
 Bennett, John E., Raphael Dolin, and Martin J. Blaser. Mandell, Douglas and Bennett’s Principles and Practice of Infectious Disease. Elsevier Health Sciences, 2015.

Chandak, Shruti, and Ashutosh Kumar. "Can radiology play a role in early diagnosis of dengue fever?." North American Journal of Medical Sciences 8.2 (2016): 100.

Ministério da Saúde (BR)^ dSecretaria de Vigilância em Saúde. "Dengue: diagnóstico e manejo clínico: adulto e criança." (2011).

Khurram, Muhammad, et al. "Ultrasonographic pattern of plasma leak in dengue haemorrhagic fever." JPMA. The Journal of the Pakistan Medical Association 66.3 (2016): 260-264.

Vabo, Karen Amaral do, et al. "Achados ultra-sonográficos abdominais em pacientes com dengue." Radiol. bras 37.3 (2004): 159-162.

Texto do aluno de graduação da UERJ, Emerson Gomes







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