As Sialoadenites
são processos inflamatórios que acometem as glândulas salivares. Desse modo,
provocam como sintomatologia dor, aumento de volume e redução do fluxo salivar
da glândula acometida. Ainda que a infecção seja normalmente restrita à
glândula, a disseminação da infecção pode ocorrer para as partes moles, o que
pode transcorrer com celulite. Além disso, apresenta maior recorrência em
idosos, porém também é possível observar a presença em recém-nascidos e
crianças prematuras.
Existem duas
teorias sobre a etiologia das sialoadenites, a primeira afirma que uma infecção
retrógrada causada por um microorganismo da cavidade oral, em sua maioria Staphylococcus
aureus, resulta diretamente em um processo inflamatório do parênquima
glandular. A segunda hipótese sugere que repetidos quadros de inflamação aguda
levam a uma metaplasia mucosa do epitélio ductal, o que provoca um aumento do
volume do muco, estase e episódios de inflamação.
Os principais
fatores locais causadores de sialoadenites são higienização oral deficiente,
obstrução do ducto por sialolitíase, tumores ou corpo estranho. Além disso,
podem exisitr fatores sistêmicos como estados de imunossupressão − por diabetes e alcoolismo −, desordens
autoimunes, Síndrome de Sjögren, diminuição do fluxo salivar secundária à
medicações (diuréticos, anticolinérgicos e antidepressivos) e desidratação pós-
cirúrgica. Em crianças desidratação, alergia e hereditariedade também são
importantes.
As sialoadenites
podem ser classificadas em agudas ou crônicas. As agudas ocorrem mais
frequentemente na glândula parótida, uma vez que produz saliva com menor
atividade basteriostática em relação às demais glândulas e cursa com eritema, edema,
aumento de temperatura, enrijecimento da área glandular afetada,
linfoadenopatia e dor, que é causada pela estimulação dos nervos sensoriais
próximos à cápsula da glândula. As formas agudas bacterianas são causadas pelo S. aureus e quadros virais (cujo
acometimento das parótidas é mais frequente) são ocasionados por paromyxovirus.
Outros vírus que podem estar envolvidos são o parinfluenzavirus,
coxsackievirus, cytomegalovirus e adenovirus. As parotidites virais são mais
comuns entre 5-9 anos.
A sialoadenite
crônica desenvolve-se por obstruções ductais recidivantes ou persistentes
(ocasionadas por cálculos). Em quadros de exacerbação é possível haver abcessos
na glândula afetada e febre.
A
ultrassonografia é o exame de imagem mais satisfatório para o diagnóstico de
sialoadenite. Visualiza-se o aumento da glândula, a heterogeneidade do
parênquima e o acometimento de partes moles (celulite e/ou miosite).
Linfonodomegalias são frequentes, em geral com o aspecto denominado como
"reativo". O Doppler também
ajuda, pois mostra hiperfluxo vascular.
O caso clínico em
questão mostra um quadro agudo atípico de sialoadenite submandibular e
sublingual unilateral associado ao acometimento das partes moles por celulite.
Notar que as parótidas são normais, o que não é comum nestes acometimentos
virais.
Recentemente (2015)
houve um surto de parotidites em diversas faixas etárias, mas principalmente em
crianças. Mesmo assim, vários casos da doença ainda continuam a ser atendidos
nos serviços de urgência, no entanto com uma frequência bem menor.
Texto da aluna da UERJ, Yasmin Baptista Barbosa.
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