terça-feira, 21 de junho de 2016

INFARTO OMENTAL

Infarto omental

            1)Introdução:
O diagnóstico sindrômico de abdome agudo inflamatório localizado na fossa ilíaca direita abrange como principais diagnósticos diferenciais: apendicite, diverticulite e colecistite agudas, ileíte terminal, apendagite e infarto segmentar do omento.
A torção omental com infarto é urgência abdominal rara que acomete pacientes de meia-idade, com predomínio do sexo masculino (3:2). Mais comumente ocorre sem causa evidente (infarto segmentar idiopático ou primário), não havendo ponto de fixação demonstrável. Fatores considerados predisponentes para este tipo de torção incluem a obesidade e a presença de omento redundante e exageradamente móvel. A maior parte dos infartos acomete a porção direita do omento, provavelmente devido às maiores dimensões, peso e mobilidade deste segmento. Nos casos de torções ditas secundárias, cirurgias prévias recentes (mais frequente dentre as secundárias), tumores, aderências e hérnias encarceradas são comumente implicados.
Em pacientes pediátricos a obesidade tem sido ressaltada como importante fator predisponente. Estudos comparativos entre crianças do sexo masculino e feminino com índices de massa corpórea semelhantes têm mostrado maior incidência de torção em meninos, o que parece ser explicado pela maior tendência destes em apresentar acúmulo central de gordura (distribuição fisiológica dependente do sexo), com omentos mais espessos e pesados.

2)   Etiologia e patogênese:
A etiologia e patogênese são incertas. Um omento redundante ou anomalias vasculares têm sido postuladas como possíveis causas que fazem com que o omento se torne suscetível à torção e infarte. Outra hipótese indica que a origem desta desordem é uma congestão vascular associada com o aumento da pressão intra-abdominal ou alimentos abundantes.

3)   Sinais e sintomas:
Clinicamente apresenta-se com dor abdominal persistente localizada no hemiabdome direito, febre baixa e ausência de sintomas gastrointestinais. Os exames laboratoriais normalmente não apresentam alterações. Pode simular uma apendicite aguda e deve ser considerado diagnóstico diferencial de abdome agudo.

4)   Diagnóstico:
As modalidades de diagnóstico por imagem, seja a ultrassonografia (US) ou a tomografia computadorizada (TC), podem com muita propriedade avaliar as afecções que acometem a fossa ilíaca direita, principalmente quando se trata de processos inflamatórios. Nos casos de infarto de omento, estes métodos irão mostrar a densificação de planos gordurosos com formação de massa, sem sinais de acometimento dos órgãos desta região.
O achado ultrassonográfico característico é de massa hiperecogênica ovóide localizada no quadrante inferior direito, com um apêndice de características normais. Sua limitação é a de ser operador dependente. A TC é indicada se os sintomas persistirem ou se o achado na US for negativo ou equívoco. A TC demonstra uma massa gordurosa heterogênea triangular ou oval localizada entre a parede abdominal anterior e o cólon transverso ou ascendente.
A massa consiste de necrose gordurosa, hemorragia e infiltração inflamatória. Recentemente, foi sugerido que a presença de estruturas lineares serpiginosas associadas a massa gordurosa representam vasos omentais torcidos sobre si próprios, o que corrobora o diagnóstico de infarto omental. Nos casos em que estejam presentes, processos concomitantes ou mesmo desencadeantes (torção secundária) podem ser demonstrados.

O diagnóstico de infarto omental é feito, muita das vezes, durante o ato cirúrgico, pois a expressão clínica dos processos inflamatórios da fossa ilíaca direita tem como primeira hipótese a apendicite aguda, sendo frequentemente indicada cirurgia sem a realização de exames complementares.

Texto da aluna de graduação em medicina Natalia Mourão Rufino.






Setas apontam imagem em halo na projeção do omento maior que corresponder ao infarto deste tecido

Nenhum comentário:

Postar um comentário